quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

RECIFE

Jairton Jurinich

Recife

Nos arcos de um casario
d'uma arquitetura sobrevivente
ou nos rastros rasbiscados de um bondinho
refletindo um outrora glorioso
como uma paisagem de painel a óleo
cenário pronto para um filme antigo
Zona do porto, orda de marujos
E as "Polacas" no teatro da vida
Eu ainda as vejo ...nas varandas/
nos carnavais de outrora
no Recife Antigo

Hoje céu nublado
vento fresco e salgado
o povo escuro num labor em frenesi
no comércio alucinado
Alto brado, Afogados/
camelôs em agonia e profusão, São José/
Boa Viagem, Candeias, Piedade...
Outras terras, outras gentes, gostei!

O verde do mar
A moldura deste quadro
Com certeza é a causa de tudo
do povo miscigenado
seminu e alvissareiro
da paisagem bela e da leveza do viver
do turista aleatório
avermelhado tolo
das velas, do peixe e..
do côco
Das piscinas azuis,
recortadas de corais...
das espumas nos arrecifes...
AH! RECIFE!!!!

Candeias/ Abril 1999/ Jairton



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Paulino Vergetti Neto

Espiada...




Há um burguês abastado vendedor de hóstias,
a produzir a perfeição dos próprios pecados,
onde eu espio docemente algemado,
louco para correr livre sobre os prados
mas a ver tua vida passar-me por réstias.

O sol cobre o tule desse teu vestido,
desmentindo a tua carne, que me nega dormindo
o que acordado rege, em teus atos, alguma voz esquisita.

Não olho a plateia, mas o palco
cheio de mim e a encontrá-los,
a toda laia que outros, banidos, fazem.

Imêmore de mim sou esse outro viés ousado
que vela sozinho a multidão chorosa,
como se o mundo fosse de tudo alheio ao gozo
e minha vida um torpor acelerado.


Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 04/04/2012
Código do Texto: T3593613




As cores do teu coração






Vou trazendo-me ao léu por alheios braços
em um lindo abraço que também ao léu a lua dá a noite,
serenando em açoites o milagre desse nosso reencontro,
olho-a-olho, ombro-a-ombro,
em luzidio desejo de ter-te inda mais minha


É este poema meu, pois, ato vencido,
depois que o teu amor deixou-me e foi embora
para viver noutro poema ou noutros versos sem memória,
nas estrofes do que mais distante estiver de nós dois.


Teu coração escreveu ao meu falando de amores,
uns tortos, outros díspares, outros doutros sabores,
nos olhos que teus olhos viram e pediram pra ter
antes que o meu coração soubesse que o teu possuía outras cores...




Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 18/04/2012
Código do Texto: T3619320

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